a) A virtude é a mãe do vício
conforme se sabe;
acabe logo comigo
ou se acabe.
b) A virtude é o próprio vício
— conforme se sabe —
então no fim, no início
da escada, Chave.
c) Chuva da virtude, o vício
é conforme se sabe;
e propriamente nela é que eu me ligo
nem disco nem filme:
nada, amizade. Chuvas de
virtude:
chaves.
d) amar-te/a morte/morrer.
há urubus no telhado e a carne seca
é servida: um escorpião
encravado
na sua própria ferida não
escapa;
só escapo pela porta da saída.
e) A virtude, a mãe do vício
como eu tenho vinte dedos,
ainda,
e adina é cedo:
você olha nos meus olhos
mas não vê, se lembra?
f) A virtude
mais o vício: início da
MINHA
transa. Início fácil, termino:
Deus é precipício,
durma,
e nem com Deus no hospício
(durma), o hospício é refúgio.
Fuja.
Torquato Neto
Poema do livro: "26 Poetas Hoje",
Editorial Labor do Brasil, 1976, RJ
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