Odeon : o tango brasileiro de Ernesto Nazareth.
Parece surpreendente a primeira vista, falar em tango brasileiro, pois a idéia que a grande maioria das pessoas têm, inclusive os brasileiros, é de que o tango só é coisa de argentinos e quando muito, de uruguaios. Mas, na verdade o tango também nasceu aqui no Brasil na mesma época de sua gênese na região rio-platense.
Parece surpreendente a primeira vista, falar em tango brasileiro, pois a idéia que a grande maioria das pessoas têm, inclusive os brasileiros, é de que o tango só é coisa de argentinos e quando muito, de uruguaios. Mas, na verdade o tango também nasceu aqui no Brasil na mesma época de sua gênese na região rio-platense.
Talvez isso explique o porque de muitos brasileiros serem amantes do tango e apaixonados pela música e pela dança que cada vez mais cresce em nosso País, repetindo aqui o mesmo fenômeno que fez com que o tango argentino conquistasse boa parte do mundo compreendido por vários paises da Europa, América e a Ásia.
Na época da formação do tango, tanto na região do Rio da Prata, Uruguai e Argentina, e também aqui no Brasil, as influências que deram origem ao “tango criollo”, mais tarde denominado "tango argentino", foram as mesmas que deram origem ao tango brasileiro.
As principais influências européias vieram da mazurca (polonesa), da polca e da valsa (Boêmia), da contradança (country dance – inglesa), do chótis (schottisch – escocês), do tango andaluz (espanhol), entre outras e, as principais influências africanas foram do “candombe”, para os uruguaios e argentinos e o candomblé para nós brasileiros.
Já as influências latino-americanas, vieram das músicas campeiras, principalmente a milonga que era cantada pelos “payadores” (gauchos, seresteiros do campo, gaúchos e sertanejos no Brasil). A habanera que era a música executada em Havana, Cuba e que havia se tornado o gênero musical “criollo” de Cuba, teve também grande influência na gênese do tango e tinha a mesma linha melódica do lundu brasileiro.
Entre 1850 e 1995, o tango se formava em sua gênese, sob essas influências, tanto na região rio-platense, quanto aqui no Brasil e por volta de 1870, já existiam no Brasil composições de tango que eram executadas basicamente, com os mesmos instrumentos que se executavam os tangos "porteños" e uruguaios, isto é, guitarra (violão), flauta transversa, pandeirinho, violino e piano.
Nessa época os instrumentos de percussão de origem africana, os atabaques dos primeiros tangos originais, já não eram mais utilizados e poucos anos mais adiante, também os pandeirinhos foram retirados do tango.
Diversos tangos foram então, compostos no Brasil e na região rio-platense, até que em 1895 em Buenos Aires, surgia a primeira composição de um tango “criollo” para piano, segundo nos conta Horacio Ferrer, numa gravação histórica de seu CD, que é a trilha sonora de seu livro “El Siglo de Oro del Tango” - Manrique Zago Ediciones, Buenos Aires – 1996.
Ouvindo esse tango deparamos com a incrível semelhança musical com os nossos chorinhos para piano de então, executados aqui no Brasil na mesma ocasião, por Ernesto Nazaré, Chiquinha Gonzaga principalmente mas, também por outros maestros contemporâneos. Mais tarde, Nazaré resolveu mudar várias de suas 93 partituras conhecidas, de tango, para chorinho, atendendo aos interesses das gravadoras que queriam direcionar o tango brasileiro para o chorinho e para o samba.
Chiquinha Gonzaga, nessa mesma época, compôs e executou diversos tangos, tangos–choros, valsas, mazurcas, gavotas, polcas e habaneras, todos de composições brasileiras, próprias e outros compositores.
Mais recentemente tivemos compositores de tangos brasileiros, tais como: Lina Pesce, David Nasser, José Fernandes, Nelson Gonçalves e vários outros. Sem falar da região sul do País, mais precisamente do Rio Grande do Sul, onde as influências rio-platenses e gaúchas se fazem notar nas diversas composições de milongas e tangos brasileiros.
Isto explica porque desde Francisco Canaro a Mariano Mores, grandes maestros argentinos, assim como o grupo musical Família Lima, no Brasil, executam chorinhos com andamento de tango e vice-versa, com é o caso do nosso Tico Tico no Fubá, um chorinho que é executado por eles como tango e como chorinho, demonstrando as semelhanças originais. Isso explica também porque os argentinos têm verdadeira admiração pelo chorinho que qualificam como sendo uma “hermosura”.
O “tango criollo” argentino foi aos poucos se identificando com as raízes porteñas e ganhando personalidade única, singular, descaracterizado-se com o passar dos anos, das semelhanças originais com o chorinho, principalmente a partir da introdução do bandoneon, como instrumento musical principal e característico, que se identificou e que casou definitiva e eternamente com o tango.
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