Flores murchas

Pálidas crianças
Mal desabrochadas
Na manhã da vida !
Tristes asiladas
Que pendeis cansadas
Como flores murchas !

Pálidas crianças
Que me recordais
Minhas esperanças !

Pálidas meninas
Sem amor de mãe,
Pálidas meninas
Uniformizadas,
Quem vos arrancara
Dessas vestes tristes
Onde a caridade
Vos amortalhou !

Pálidas meninas
Sem olhar de pai,
Ai quem vos dissera,
Ai quem vos gritara:
― Anjos, debandai !

Mas ninguém vos diz
Nem ninguém vos dá
Mais que o olhar de pena
Quando desfilais,
Açucenas murchas,
Procissão de sombras !

Ao cair da tarde
Vós me recordais
― Ó meninas tristes ! ―
Minhas esperanças !
Minhas esperanças
― Meninas cansadas
A quem ninguém diz:
― Anjos, debandai !

Fleurs fanées

Pâles fillettes
A peine écloses
A l'aube de la vie !
Tristes prisionières
Qui penchez lasses
Comme des fleurs fanées !

Pâles fillettes
Qui me rappelez
Mes espérances !

Pâles petites
Sans amour de mère
Pâles petites
En uniforme,
Qui vos arrachera
De ces vêtements sombres
Où la charité
Vous a ensevelies ?

Pâles enfants
Sans regard de père
Hélas ! qui vous dira
Hélas ! qui vous criera
― Anges, dispersez-vous !

Personne ne vous le dit
Personne ne vous accorde
Qu'un regard de pitié
Lorsque vous passez,
Tendres lis fanés,
Procession d'ombres

A la tombée du soir
Vous me rappelez
― O tristes enfants !
Mes espérances
Mes espérances
― Fillettes lasses,
Pâles enfants
A qui personne ne dit
― Anges, dispersez-vous !


(Da antologia “La poésie brésiliènne”, com organização e tradução de A. D. Tavares-Bastos, premiada em 1954 pela Academia Francesa. A 1a. edição francesa foi lançada por Editions Seghers, em Paris, em 1966.)

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