Indiferença


... Cai a chuva, lá fora... e, lenta, e fria,
Sacode o frio coração da noite...
Folhas que tombam, lentas, rodopiam,
E rodopia o vento, num açoite...
— Dentro em minha alma já não há tormenta,
— Nem sol que aqueça, ou astro que ilumine...
Nem luares de Sonho e de Esperança,
Nem lembrança saudosa que assassine...
... Minha alma já não ama... Não tem risos,
Nem rajadas de pranto, nem gemidos,
Nem mavioso cascalhar de guizos...
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... Sobre meu ser a asa do Pecado
E depois o Silêncio...
ermo, profundo,
De um túmulo vazio, arremessado
No turbilhão fantástico do mundo!...


Do livro: "Oração profana", Ed. da autora, 1953, RJ

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