A paixão

Pois logo a mim, tão cheia de garras e sonhos,
coubera arrancar de seu coração a flecha farpada.
De chofre explicava-se para que eu nascera com mão dura,
e para que eu nascera sem nojo da dor.

Para que te servem essas unhas longas?
Para te arranhar de morte
e para arrancar os teus espinhos mortais, responde o lobo do homem.

Para que te serve essa cruel boca de fome?
Para te morder e para soprar a fim de que eu não te doa demais, meu amor,
já que tenho que te doer, eu sou o lobo inevitável pois a vida me foi dada.

Para que te servem essas mãos que ardem e prendem?
Para ficarmos de mãos dadas, pois preciso tanto, tanto, tanto - uivaram os lobos
e olharam intimidados as próprias garras
antes de se aconchegarem um no outro para amar e dormir.



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