Saudades


Saudades

Nas horas mortas da noite
Como é doce o meditar
Quando as estrelas cintilam
Nas ondas quietas do mar;
Quando a lua majestosa
Surgindo linda e formosa,
Como donzela vaidosa
Nas águas se vai mirar !

Nessas horas de silêncio,
De tristeza e de amor,
Eu gosto de ouvir ao longe,
Cheio de mágoa e de dor,
O sino do campanário
Que fala tão solitário
Com esse som mortuário
Que nos enche de pavor.

Então — proscrito e sozinho —
Eu solto aos ecos da serra
Suspiros dessa saudade
Que no meu peito se encerra.
Esses prantos de amargores
São prantos cheios de dores:

—Saudades — dos meus amores,
—Saudades — da minha terra !

(1856)


Saudades

Aux mortes heures de l’ obscurité
Comme il est doux de méditer
Quand scintillent les étoiles
Sur une mer étale;
Quand la lune majesteuse,
Telle une damme orgueilleuse
Va dans les eaux se mirer !

En ces heures silencieuses
De tristesses amoureuses,
J'aime au loin écouter,
Meurtrie et douloureuse,
La cloche tinter
Son chant solitaire
Aux accents mortuaires
Qui nous font trembler.

Alors, seul et proscrit,
Je libère à tous les échos
Les soupirs de cette nostalgie
En mon coeur enclos.
Ces plaintes amères de mon coeur
Sont plaintes chargées de douleur:
Regrets de mes amours,
Regrets de leur séjour !

(1856)


Casimiro de Abreu
(Poemas retirados da obra bilingüe "Anthologie de la poésie romantique brésilienne" {Paris: Eulina Pacheco/ Éditions UNESCO,2002}, cujos poemas foram escolhidos por Izabel Patriota P. Carneiro e apresentados por Didier Lamaison. Os poemas de Casimiro de Abreu foram traduzidos por Didier Lamaison.)

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